Me dê licença os mais velhos, me dê licença os mais novos. Como escreveu ontem um amigo no feicibuque, “sem novidade é o Brasil sendo o Brasil”.

João Alberto de Freitas sendo espancado

Às vésperas do dia Nacional da Consciência Negra, 19 de novembro, dia da Bandeira, o Brasil é tomado pela notícia do espancamento até a morte de João Alberto de Freitas de 40 anos por dois seguranças do hipermercado Carrefour na cidade de Porto Alegre. Mais um negro assassinado no Brasil. Um dos homicidas de Beto pertence a corporação da Policia Militar do Estado do Rio Grande do Sul.

No mesmo dia, na cidade de Joinville no Estado de Santa Catarina, a polícia catarinense inicia investigações de injuria racial e ameaça sofrida pela primeira negra eleita vereadora Ana Lucia Martins do Partido dos Trabalhadores. Nesse caso as apurações apontam a responsabilidade de um grupo neonazista que opera covardemente nas redes sociais.

Dois fatos que dão conta da existência mais do que endêmica de racismo no Brasil, o racismo estrutural, ceivado de violência, discriminação e indiferença. E não se trata de casos isolados, de acordo com o Atlas de Violência no Brasil publicado no dia 27 de agosto, a taxa de homicídios de negros aumentou 11,5% de 2008 a 2018 e a de não negros caiu 12%.

Ana Lucia Martins, primeira negra eleita para a Câmara Municipal de Joinville SC. Vitima de racismo, foi ameaçada de morte

Como escreveu um amigo num dos meus posts no facebook, sem novidade, é o Brasil sendo o Brasil. Discordo somente do termo sem novidade, eu substituiria por uma regularidade fúnebre e racista. E mesmo assim, sem novidade ou com novidade, a população ainda não foi capaz de se indignar a tal ponto de estremecer o alicerce exitoso e colonialista criado desde a invasão dos portugueses, seguido do extermínio dos povos originários e mais tarde com a escravização do povo negro capturado violentamente do continente africano.

Pra finalizar essa crônica da ressaca moral do Dia Nacional da Consciência Negra, convido os proponentes a reflexão do porquê segundo meu amigo, o Brasil ser um país sem novidade, e mais ainda, uma experiência altamente exitosa. Sobre isso discorre o nosso brilhante professor historiador, musico, escritor e pensador resistente Luiz Antonio Simas. Constata ele: “O Brasil deu certo porque foi projetado para ser o que nós somos. O Brasil é um caso de um país exatamente bem sucedido. Fomos projetados para não fazer a distribuição de propriedade e não fizemos. Fomos projetados para não universalizar o ensino e não universalizamos. Fomo projetados para encarcerar boa parte da nossa população e encarceramos.” Por enquanto não teve nada de errado, tudo vem dando certo.

Portanto, só estamos aqui por resistentes e intrometidos que somos, nossos ancestrais foram exterminados e escravizados, e continuamos aqui. Pra tristezas e pitis de racistas e amorais, vamos continuar. Oxalá nos ajude nas encruzilhadas.

Saravá meus camaradas.

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