Os tambores falam
Criam energia
Para desabrochar o sagrado
Ancestralidade latente
Os olhares percebem
A harmonia da cadencia
Tambores da capoeira
Tambores do candomblé
Ngoma do povo banto
Ecoam pelo tempo
Todo o fundamento da comunicação
É reza atrás de reza
Tem couro, tem madeira
Cheio de mandinga
Dorme na lua cheia
Cheio de folhas e melaço
No pokó eu espalho
O dendê sacramentado
O couro se renova
Esperança aflora
Ninguém consegue calar
Os gritos de chamamento
O som é levado pelo vento
Aonde os olhos não conseguem enxergar
Valei me meus mais velhos
Eu ouço kongo e o barra vento
Outrora é são bento
Na rua e no meu quintal
Porque é boca que tudo come
Deita se tem fome
Kudiá uasambê
Oluandei Diá Ngola
Poeta, capoeira, angoleiro, é do candomblé. Na política é de esquerda.