Ao longo da vida, nas caminhadas e encruzilhadas somos capturados pela paixão do saber. A mestria é uma delas e são diversas. Quem durante a jornada não se depara com o saber?
A mestria ou o mestre é uma das fontes do saber mais relevantes e inspiradoras da vida. Quer nas giras das ruas, quer nos espaços praticados, quer na academia, quer nos processos de encantamentos. O mestre é sempre lembrado, invocado e cantado.
Meu pai, amado e amoroso pai, encantado, foi em casa e na gira da rua, o primeiro grande mestre para a minha vida. Suas práticas e ensinamentos estão nos costumes e hábitos que trago comigo. Estão no tom da minha pele e no patrimônio que é a família, um dos espaços por mim herdados. Seu legado, a simplicidade e o bom vivant. Só fez amigos e encantou-se como um grande mestre, que nos orienta até hoje. A cada passada de pernas na rua seus ensinamentos iluminam meus caminhos. Meu pai é como Exu que nos comunica e apontas as possibilidades.
O segundo grande mestre, que a autonomia rebelde da juventude nos põe a frente foi o mestre da Capoeiragem. Mestre Cícero, como o grande romano, o justo, detentor do direito. É através da capoeira a grande escola, a faculdade que de fato te prepara para o dia a dia. Te impõe adversidades para servir de brincadeira na roda da vida e da capoeira. Muito antes da institucionalidade se impor sobre meu corpo, a capoeira já iniciara como prática sagrada como orientação, e a exemplo de meu pai apontando possibilidades.
O terceiro grande Mestre é Rubem Alves, maestro das palavras, das semânticas e das polissemias. Suas crônicas em papel de jornal foi, e ainda continua sendo as ruas por onde caminho. Onde o aprendizado é infinito, e que a exemplo dos anteriores aponta para as possibilidades das encruzilhadas que são os espaços das palavras. Um complementando o outro, cada um por meio de sua territorialidade. A mestria é fonte de conhecimento e inspiração. Salve o oficio do Mestre
Calado
Capoeira Jornalista & Gestor Cultural