“Considerada pela elite aristocrática como um movimento coletivo de negros vadios e
vagabundos, a capoeiragem de Campinas tem sua prática registradas em delegacias de polícia, e em páginas de jornais no século XIX, Abrahão (2018).
As brincadeiras e jogos de pernas como numa competição acompanhados de palmas e sonoridades, têm seus fundamentos nos batuques e nas gingas de valentões, cujos saberes eram partilhados em reuniões nos botequins, quintais, ruas e terreiros. Os capoeiras eram frequentemente repreendidos e presos pela força pública, em razão da vigência dos famosos códigos de posturas que vigoravam onde existiam negros libertos e escravizados, esclarece Cunha, (2011).
Em 1835 a cidade de Campinas inicia o processo de inserção na economia cafeeira. A
mão de obra escrava era elemento principal para que se fizesse avançar e expandir essa
economia. O café se torna no Estado de São Paulo o principal motor de desenvolvimento
econômico e suas bases se alicerçavam na mão de obra escrava. Calcula-se que entre os anos de 1852 e 1859 mais de 27.000 negros escravizados foram trazidos do norte para o sul em decorrência dos engenhos do Norte e Nordeste entrarem em processo de decadência. Campinas foi considerado um grande centro escravagista como maior possuidora de negros escravizados, atesta Battistoni Filho (1996). E continua o autor:
Corria a fama da cidade ser muito rigorosa com seus escravos. “eu vendo você para
Campinas”, era uma ameaça de senhores de outras terras para seus escravos. Uma
quadrinha, muito em voga na época dizia: “O Rio de Janeiro é corte / São Paulo é
capitá / Campinas o purgatório / Onde o negro vai pená” (Battistoni,1996, p.27).
Trecho da Dissertação CULTURA DE FRESTA. A CAPOEIRA COMO EXPRESSÃO DO BATUQUE NA CIDADE DE CAMPINAS SOB A PERSPECTIVA DECOLONIAL de Luciano Medina 2024.