Na rua
Tenho minha desenvoltura
Meu caminho
Sou eu quem escolho
Berimbau na mão
Dobrão no bolso
Passo cadenciado
Livre sou como o passarinho
As vezes paro nas esquinas
Para olhar o movimento
A encruzilhada me chama
Sou tata sou nganga
Meu pokó não risca nem arranha
Ele desliza o corte
Separa em partes
A menga cai na terra
Eu saúdo quem já deu seus passos
Canto ao vento
Desembaraço os nós
Debaixo da aroeira
Como a pimenta
O tempo é minha destreza
Vou astiar a bandeira branca
Sou Angola
Sou Ubuntu
Trago no peito esperança
Compartilhar é não humilhar
E tem o angoleiro afobado
Mas é diferente do angoleiro de fato
Traz na sua pele
A ancestralidade
Cada passo sem vaidade
A arrogância se despacha
Joga nele dendê e cachaça
Tomo banho com Mpemba
Para quebrar o sistema
Devolver a Angola amada
Pessoas sem egos destrutivos
Não precisamos disso
Somos filhos do leão
Somos cada um
Um cidadão
Angoleiros em questão
Somos fiéis a nação
Oluandei Diá Ngola
Poeta, capoeira, angoleiro, é do candomblé. Na política é de esquerda.