É muito comum ainda, a capoeira ser oferecida como atividade desportiva nos salões comunitários. A academia Arte Brasileira foi a primeira experiência entre Capoeira e Sociedade dos Moradores no Parque Santa Bárbara em Campinas
A Academia Arte Brasileira foi idealizada pelo professor Irandir à época, foi também a segunda e mais concreta experiência que tive com a capoeira. Tratou-se da iniciação no mundo da capoeiragem. A primeira matrícula, a primeira aula metodológica, o primeiro uniforme e o primeiro batizado. O tempo passou e o professor Irandir se tornou mestre de primeiro grau. Primeiro sob a orientação de Mestre Tarzan, e depois, já filiado ao Grupo Senzala do Rio de Janeiro, sob a orientação do Mestre Ramos, ocasião em que recebe a corda vermelha.
Para um adolescente da periferia, além do sonho de se tornar um jogador de futebol, e obedecer a disciplina da escola com os direcionamentos padrão da década de 80, a capoeira surge como uma perspectiva, algo extraordinário e diferente. Para mim foi uma revelação, um outro mundo, uma descoberta capaz de oferecer possibilidades que transcenderiam os muros da escola, de casa, para um território diverso.
Em 1987 a Associação dos Moradores do Parque Santa Bárbara iniciou um projeto bastante rico para a comunidade na época. Atividades recreativas e desportivas são oferecidos as crianças, adolescentes e adultos.
Foi a partir dali, e em companhia com os amigos do bairro iniciamos as aulas na academia de capoeira Arte Brasileira que ficava nas dependências de um salão comunitário recém construído, e sem nenhum tipo de acabamento.
Eu tinha 13 anos de idade e minha vida então se viu atravessado também pela capoeira. Com o tempo, aos poucos, todos abandonam as aulas pelos mais diversos motivos, até chegar ao ponto em que somente eu em mais um dois alunos insistíamos com a pratica. Preservávamos a capoeiragem sem sabermos da relevância
Escola futebol rua e capoeira, esses foram os territórios que moldaram a construção dos meus hábitos, dos meus costumes, do meu modo de ser, e que forjaram a minha identidade, a minha personalidade e a minha capoeira. Asé
Luciano Medina é Capoeira Jornalista e Gestor Cultural