Academia Berimbau Mestre Mauro

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A segunda grande experiencia direta com a capoeira, manifestação cultural de resistência e liberdade, institucionalizada como prática desportiva em 1930 por Getulio Vargas, foi na Academia Berimbau do Mestre Mauro, no centro de Campinas. Trato como grande experiência porque foi direta, com os pés descalços na roda a com a iniciação numa aula propriamente dita. O ano era 1984 e possuía entre 8 e 9 anos de idade.

A academia de Mestre Mauro ficava na Rua 14 de Dezembro no Centro de Campinas em frente a antiga quadra do Senac. A memória quanto ao dia me falha, se sábado ou domingo, era a tarde. Mestre Mauro não me falhe a memória morava nos fundos da academia. Guardamos uma afinidade familiar, naquele tempo aos 8 anos de idade o chamava de tio. Independente dessa relação, a harmonia é daquelas famílias grandes e barulhentas.

Após o almoço, todos se dirigiram para o salão da academia. Eu e meu irmão passeávamos pelo salão observando fotos e mexendo nos instrumentos. Está aí os primeiros passos num espaço dos Saberes, distinto do espaço normativo e impositivo da escola. Mais para o fim da tarde chegavam os capoeiras para o treino, e para a roda. Além de mestre Mauro um outro capoeira nos chamavam a atenção pela destreza dos movimentos, Mestre Sapão.

“Mais para o fim da tarde foram chegando os capoeiras para o treino e para a roda”

Naquela tarde, fiz a minha primeira aula de capoeira numa academia. Tinha 8 anos de idade. Assistimos a roda, a cantoria e os sons dos instrumentos. Me vêm à memória como frames de filme antigo os jogos rápidos com saltos e pernadas. A partir dali o contato com a capoeira ganhou uma certa formalidade. Foram várias as ocasiões em que fomos a Academia Berimbau de Mestre Mauro, umas das grandes referencias da capoeira de Campinas, do Brasil e no mundo.

A felicidade da lembrança da primeira aula se torna indescritível. Felicidade porque a partir daqueles momentos foram se abrindo portões para um novo mundo, um outro universo de conhecimento e aprendizagem, que me segue até os dias de hoje.


Luciano Medina é Capoeira Jornalista e Gestor Cultural

 

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