A musicalidade presente nessa arte, propiciam grande desenvolvimento do ritmo pessoal, pois os movimentos ocorrem dentro de uma cadência rítmica determinada pelos instrumentos.
Aos capoeiristas são dadas inúmeras oportunidades de se comunicar quando estão jogando, cantando e tocando instrumentos. Neste esporte os golpes são as perguntas e as esquivas e os contragolpes são as respostas. Segundo Vicente Ferreira Pastinha, 1889-1981, BA (Mestre Pastinha), o consagrado mestre da capoeira Angola ( “A capoeira é um diálogo de corpos. – Eu venço quando meu parceiro não tem mais respostas às minhas perguntas”.
A capoeira possui como característica a presença e a participação de instrumentos musicais de percussão, e isto se dá por causa de suas origens e da ginga servindo como forma de disfarçar a luta. Os passos das gingas e o balanço do corpo eram utilizados para enganar os senhores de engenhos e capitães do mato, e desse modo disfarçava-se a luta pela linguagem corporal.
Os negros, por meio da capoeira, conseguiam comunicar-se gingando e realizando golpes de forma harmoniosa, buscando obter a liberdade de expressão.
No início, os instrumentos percussivos da capoeira eram as palmas e os tambores, base do batuque. Com o passar do tempo foram incluídos novos instrumentos: berimbau, reco-reco, agogô, caxixi e pandeiro e, atualmente, estes instrumentos são utilizados de acordo com as variações dos toques das rodas de capoeira.
Hoje, podemos identificar a bateria de instrumentos que compõem as rodas de capoeira de acordo com a linhagem de formação que o mestre segue. Na capoeira primitiva, antes de 1930, a bateria era constituída de dois pandeiros e um berimbau. Após 1930, a bateria do jogo de capoeira de Angola passou a utilizar três berimbaus: Gunga, Médio e Viola; um Pandeiro, um Agogô e um Reco-Reco.
Na modalidade regional de Bimba (estilo de jogo e bateria criado por Manoel dos Reis Machado, Mestre Bimba, 1900-1974) a bateria é constituída de um berimbau e dois pandeiros.
E, por fim, na capoeira contemporânea, estilo de jogo que se desenvolveu após 1970, a bateria é composta por três berimbaus, um agogô, e um reco-reco. Estes dois últimos instrumentos percussivos podem ou não ser acrescentados.
Atualmente, o som do toque do berimbau já demonstra a presença de capoeirista no local. O berimbau abre a roda e marca o som, levando pela sua musicalidade a comunicação para os capoeiristas e adeptos de que ali há indício de roda de capoeira.
A música é algo que pode ser levado por toda a vida; assegura fatos históricos, comunica informações de um ponto a outro, além de ser um fator importante para animar as rodas de capoeiragens.
Mestre Biro – Capoeira e Escritor
Autor dos livros, Capoeira, cultura que educa, o Carroceiro e a Irmandade