Licença a todos. De João do Rio, o primeiro cronista de redação a embrenhar-se nas encruzilhadas estreitas das favelas do Rio de Janeiro, absorvendo e dividindo todo tipo de episteme potente e sofisticadas, ao reencarnado português Boa Ventura de Souza Santos com suas boas novas colhidas de uma tal Ecologia do Saber.
Da cachaça, antecessora da cerveja gelada, dos Botequins renascentistas de Recife ou Salvador, as saborosas aulas à céu aberto de Luiz Antonio Simas numa tarde de sábado quente no Rio de Janeiro.
Das rodas de Batuques no chão de terra batida no Quintal da Dona Marta em Capivari, aos seminários nos bancos das salas refrigeradas da Universidade Estadual de Campinas.
Pois bem, isso é um resumo da expressão contemporânea do exercício, ao menos o esforço de um exercício, de superação e subversão aos padrões do poder colonial vigente, conforme nos descreve intelectuais decoloniais da América latina como Alberto Quijano Walter Mignolo e Caterine Wash.
Sendo assim decreto; o que considero o trabalho e a filosofia de vida para mim, o real propósito, uma vida decolonial. Essa opção me foi posta e imposta ainda na adolescência, sem ainda saber. O momento em que pisei no que classifico o primeiro território tradicional, a escola de capoeira Arte Brasileira do, na época, professor Irandir Silva ( In Memorian) em 1987, me banhei de toda sorte e azar do que é ser um indivíduo na fresta, na berlinda, no fio da navalha, no desafio cotidiano de se manter vivo e incorruptível.
Quem nasce, vive e desencarna na periferia, vive e reconstrói permanentemente seu modo de vida. A periferia de qualquer centro urbano é por definição uma geografia de interculturalidade. A cultura é vigorosa e efervescente. Oxalá
Saravá a periferia, saravá Bairro Boa Vista e Parque Santa Bábara. Saravá Jardim Amanda, minha quebrada.