Anualmente o dia 20 de novembro é invocado e enfatizado, uma onda nonsense de comemorações é despertada em todo conjunto da sociedade, instituições públicas, emissoras de rádio e tv fomentam programações, o poder público promove festas. Enfim, um conjunto difuso de iniciativas na sociedade se multiplica, e o compromisso com a data de uma forma ou de outra promove uma conexão entre coletividade e a África no Brasil.

No dia seguinte aquele embebido sentimento de igualdade e de indignação se transforma para a imensa maioria das pessoas numa ressaca moral, e o racismo de cada dia volta a operar com a normalidade e violência que é formulada desde o processo inicial da escravização do negro nas Américas.

Como bem lembrou o músico e ogã Rodrigo Alves do Ponto de Cultura Caminhos de Hortolândia, esse é um processo em que não se pode atribuir responsabilidades individualizadas por conta da colonialidade que opera com toda força na sociedade, embora a conscientização acerca do processo histórico do racismo estrutural é de competência de cada indivíduo, quer por meio do exercício de sua autonomia nas mais diversas instâncias culturais ou através da escola, sindicatos ou universidade.

O Dia Nacional da Consciência Negra foi instituído pela Lei nº 12.519 em 10 de novembro de 2011. Essa data simboliza o dia em que Zumbi foi morto em 1695 aos 41 anos de idade após diversas tentativas de extermínio do Quilombo dos Palmares.

Essa data passou então a simbolizar de fato, o marco histórico e político da luta pelo resgate das raízes do povo afrobrasileiro, além de provocar a reflexão quanto a inserção do negro na sociedade e a sua influência e contribuição para a formação cultural do Brasil.

A Escola Conceição Cardinales do Jardim Amanda em Hortolândia promove anualmente comemorações e reflexões acerca da tarefa pedagógica antirracista, para alunos e comunidade ao redor. Uma ação que se pronuncia a necessidade cotidiana, uma vez que o território do Jardim Amanda é um território negro, resistente e que produz experiências transformadoras.

Essa reflexão do espaço enquanto produção de saberes, articulado com as ações não deve se restringir ao dia 20 de novembro. O dia seguinte, assim como todos os dias que se (re) inicia por meio dum processo criativo e cultural de (re) existência é que vai provocar as fissuras necessárias para o combate ao racismo, e para a formulação de uma pedagogia antirracista de verdade. Essas fissuras estáo por aí, nas ruas, terreiros, rodas de samba e de capoeira. Estão no Grafite e no Rap. Na dança e nas letras do Funk. Essa fissura é a fresta e a brasilidade de acordo com o professor de História Luiz Antonio Simas. O sujeito só precisa se apropriar.

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