E ao fundo
A música nos leva
Eternos apaixonados
Pelo berimbau pelo agogô
Pela alfaia, pela sanfona
Vivemos as vezes em guerra
Com os outros, e com a gente mesmo
E a música liberta
O canto é encanto
Que nos traz felicidade
Para o ano velho
Só vou me apegar na saudade
Vou deixar a tristeza a angústia enterradas
Para viver de fato
Na melodia do recomeço
Bons tempos
De passos firmes
De alma leve
O tambor nós guia
E as palmas ecoam
Vem com o ano novo
Mais dias
Para se amarrar sem covardia
Em paixões
E necessito dizer
As vezes o extremo nós extrai
Não quero mais viver radicalidades
Para o novo tempo
Quero aplicar em mim mesmo
O não julgar
O ajudar
O amor
E o não desistir
Somos a semente
Que abre a terra
Que olha pro céu e diz
Pro amanhã serei fruto
Astuto ama a vida
E a si mesmo
Oluandei Diá Ngola
Poeta, capoeira, angoleiro, é do candomblé. Na política é de esquerda.