E a lua brilha radiante
Em meio das estrelas
O quilombo em festa
Saúda a criação
Agradece a mãe natureza
E a maré cheia
Nos enche de sonhos
Na encruzilhada há
A energia ancestral
E o berimbau viola
Chora em notas
Não existe a melhor hora
Mas o tempo abençoa
O capoeira que entende
Das artimanhas de mestre Pastinha
Ginga no encanto
Na suavidade da magia
No rosto o sorriso da alegria
E o agogô repica na cadencia
E a morte se distância
Quando o capoeira reverência
O que há de mais sagrado
A existência do nosso laço
Com a poesia
Expondo nossos sentimentos
Filosofias e argumentos
De trabalhadores do mundo
Contra a imposição da capitania
Nunca mais seremos escravos
Não alimentaremos a repressão
A liberdade dos nossos corpos
Reproduz em nossas mentes
O fim eterno das correntes
Oluandei Diá Ngola
Poeta, capoeira, angoleiro, é do candomblé. Na política é de esquerda.