O conhecimento que não se aplica transforma-se em barreira, pois o nosso cérebro precisa colocar em prática o que aprendemos. É preciso treinar e educar o corpo. Não basta apenas treinar, tem de praticar. A prática da capoeira sem fundamento não tem sentido. “Só sabe ensinar quem tem fundamento e quem aprendeu pode ensinar ( parte da música do mestre Mestre Cícero, Cordão de Ouro de Campinas 2003, cantada e interpretada por Mestre Suassuna 2009)”.
Para ser um educador da modalidade capoeira é necessário que o capoeirista estude sobre sua arte, conheça suas origens e os mestres expressivos, aqueles que se consagraram pela sua grandeza e amor à arte e viraram mitos, são eles: Besouro Mangangá, Manduca da Praia, Mestre Pastinha, Mestre Bimba, Mestre Waldemar da Paixão e muitos outros.
Isso é importante porque, muitas vezes, o capoeirista precisa falar sobre a sua arte e dar informações tanto aos leigos interessados quanto aos próprios capoeiristas praticantes.
Diferentemente do passado, quando as informações eram transmitidas oralmente, ou seja, sem nenhum documento, atualmente, para se adquirir qualquer informação sobre a capoeira basta consultar livros, revistas, formulários e pesquisas, além dos sites apropriados.
O hábito da leitura estimula o capoeirista a treinar mais, pois traz maior envolvimento na modalidade. O mestre é o canal que irá motivar seus alunos à prática da leitura. É ele que pode tirar as dúvidas e indicar para o capoeirista como e onde adquirir informações sobre a modalidade. Quem gosta de ler deve pedir orientação para seu mestre acerca dos materiais a serem consultados.
É válido lembrar que o capoeirista não deve testar seu mestre sobre sua formação dentro do contexto histórico da capoeira. Isto porque o mestre não se tornou mestre de capoeira fazendo pesquisas ou leitura, mas, sim, praticando e levando para a comunidade os valores sociais, culturais, históricos e esportivos que a capoeira possui.
A leitura serve para aumentar o senso crítico do capoeirista, não para torná-lo um questionador. É importante adquirir conhecimento, porém deve-se praticar a capoeira e colocá-la em evidência na sociedade. Não basta apenas armazenar sabedoria, é preciso que os capoeiristas saibam fazer bom uso dela.
Mestre Biro – Capoeira e Escritor
Autor dos livros, Capoeira, cultura que educa, o Carroceiro e a Irmandade