Menino acanhado
Artesão nato
Criado a céu aberto
Vivia sua modéstia
Na caatinga do sertão
Entre o calango e o carcará
Menino aprendeu a correr
E a nadar no açude barreado
Sua poesia era de cordel
Cantava baião
Mal sabia escrever
Mas aprendeu as pernadas
Que o mestre ensinava
Lá embaixo do íngua
Era vela no pé do cruzeiro
E a história ia da Bahia e Juazeiro
E não havia um cangaceiro
Que não respeitava o menino
Pelas águas do velho Chico
Cascavel saudava corisco
O guardião de lampião
Oluandei Diá Ngola
Poeta, capoeira, angoleiro, é do candomblé. Na política é de esquerda.