O desafio permanente de transformar a cidade à partir do reconhecimento e valorização da criatividade de seus cidadãos.

Inicia-se no final da década de 80 a construção de um conceito que passaria a orientar a gestão público e privada de boa parte do planeta, a cidade criativa. Movimento liderado pela comunidade artística nos EUA, que logo se expandiu para o Reino Unido, Austrália e Europa.

A cidade de Medellín na Colômbia inicia o processo de reconstrução material e imaterial após um período de violência ligado ao narcotráfico, que a estigmatizaria por um bom tempo. Atualmente Medellín é uma das referências do que se convencionou chamar de Cidade Criativa.

No Brasil o processo de valorização do criativo e do singular constitui uma luta de diversos segmentos. Embora emblemático, alguns esforços são reconhecidos, cidades como Niterói na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e a pequena Guaramiranga no interior do Ceará se destacam como iniciativas que podem servir de referências dadas as suas particularidades. É preciso acompanhar quais são as condições desses municípios na atual circunstância.

Municípios como Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Salvador, Porto Alegre entre outras capitais são por natureza potenciais históricos a serem explorados de forma sustentável. Citaríamos dezenas de outras cidades do interior Brasil afora, essa é uma característica do continente latino americano.

Trata-se de uma commodities com grande valor agregado, porém, não se observa ainda um projeto estratégico elaborado pela força do Estado capaz de responder positivamente a todo o potencial reprimido existente no interior de cada cidade brasileira. Uma visão míope e atrasada ainda domina a burocracia estatal e os projetos dos governos eleitos.

Setores do áudio visual e editorial se destacam como atividades que mais se remuneram dentro desse espectro criativo, mas são empreendimentos eminentemente urbanos, a que se pensar em instrumento que potencializem outras atividades igualmente importantes como o turismo cultural nas pequenas cidades entres outras infinitas atividades.

Se estendermos o conceito do que é cidade criativa ao interior paulista, uma proposta potencial se expandiria impressionantemente. As cidades brasileiras e seus cidadãos são a razão precípua da gestão pública. É na cidade onde tudo acontece é onde ocorre as transformações é onde o sujeito trabalha, cria e cuida dos seus. Nada mais justo e inteligente em investir na cidade e no cidadão, na sua capacidade de inovar e transformar.

A própria ideia de cidade criativa se transforma. Todo o potencial criativo, artístico, cultural, empreendedor e econômico de comunidades estão em movimento. O Estado precisa compor esse movimento, o Brasil político ainda tateia nessa senda.

Para concluir, a crise econômica e política deve servir como elemento de mudança e transformação. O criativo passaria a ser uma alternativa econômica para o desenvolvimento do país, no entanto é urgente reconhecê-la. Ela virá da inovação e da criatividade do seu povo. 1616

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