Para todo fim
Há um recomeço
Quando o sol se esconde
A lua traz o cheiro da noite
Somos a boca que tudo come
Vivemos a roda da vida
No toque do tambor
E na melodia do berimbau
A poesia conta nossa realidade
Somos filhos do gueto
Nosso corpo é cheio de malícia
O horizonte cabe em nossas vistas
Porque aprendemos a caminhar
Sobre os passos dos mais velhos
A respeitar pessoas e agradecer os momentos
Somos à esquerda da sociedade
Na nossa história lutamos contra opressão
Nos jogaram em senzalas
E nos puseram à margem da sociedade
E não teve coronel nem capitão do mato
Que conseguiu pôr um ponto final
Nas lutas pela liberdade
Porque quando quebram seu direito
Os cupins comem o meu
Valei-me meus pais e mães de terreiros
O capoeira nasceu para ser guerreiro
Nossa filosofia é ser Ubuntu
E lutar contra o racismo
Lutar contra a marginalização do povo
E espalhar para nossa gente
Que juntos somos mais fortes e coerentes
Só precisamos nos amar mais uns aos outros
Oluandei Diá Ngola
Poeta, capoeira, angoleiro, é do candomblé. Na política é de esquerda.