A Capoeira expressa a história da resistência negra no Brasil, durante e após a escravidão. Seu reconhecimento reforça o valor desta herança cultural afro-brasileira, disse a UNESCO.

A 9ª sessão do Comitê para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial acaba de declarar a Roda de Capoeira Patrimônio Imaterial da Humanidade. A Capoeira expressa a história da resistência negra no Brasil, durante e após a escravidão. Seu reconhecimento como patrimônio reforça o valor desta herança cultural afro-brasileira, disse nesta quarta-feira (26) a UNESCO.

O comitê das Nações Unidas responsável pela proteção das tradições orais, das artes cênicas, das práticas sociais, do artesanato e dos conhecimentos da natureza deu início esta semana à análise dos pedidos de inscrição nas duas listas que reconhecem patrimônios culturais imateriais: a Lista em Necessidade de Salvaguarda Urgente e a Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O grupo segue reunido até sexta-feira (28).

O Brasil foi representado entre as 46 candidaturas da Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade com as rodas de capoeira, expressão cultural do país que mistura arte marcial, esporte, cultura popular e música. A iniciativa busca estimular a visibilidade de tradições e de conhecimentos culturais sem levar em conta padrões de excelência ou de exclusividade.

Também foram declaradas outras expressões culturais da Argélia, Armênia, Azerbaidjão, Bolívia, Bósnia-Herzegóvina, Bulgária e Burundi (acesse a lista completa aqui).

A Lista em Necessidade de Salvaguarda Urgente é composta até agora de 35 patrimônios culturais imateriais que encontram-se em risco e, por isso, precisam ser protegidos com urgência. Dentre as oito nominações a serem examinadas estão representadas tradições da Venezuela, de Honduras, da Croácia, da Etiópia, do Quênia, do Camboja, de Uganda e do Paquistão.

Acesse a descrição completa das Rodas de Capoeira clicando aqui.

Maior visibilidade à capoeira

A capoeira é uma manifestação cultural afro-brasileira muito conhecida em todo o Brasil e também de reconhecido valor internacional. A prática, que é ao mesmo tempo luta, dança, esporte e arte, agora junta-se ao Círio de Nazaré (PA), ao Frevo (PE), às Expressões Orais e Gráficas dos Wajapis (AP) e ao Samba de Roda do Recôncavo Baiano que já são reconhecidos como Patrimônio Imaterial da Humanidade.

Para a representante adjunta do escritório da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovich Noleto, ao inscrever a Roda de Capoeira na Lista do Patrimônio Imaterial da Humanidade, a UNESCO reconhece a relevância de uma das manifestações populares mais expressivas da cultura brasileira e valoriza a influência da herança africana na nossa história e na nossa cultura.

Segundo Marlova, “o título assegura maior visibilidade à capoeira, aumenta o grau de conscientização sobre sua importância e propicia formas de diálogo que respeitem a diversidade cultural brasileira”.

“Esperamos que o título ajude não só na promoção da Capoeira, mas, sobretudo, estimule a adoção de políticas públicas de salvaguarda e sustentabilidade deste importante patrimônio cultural por parte dos governos e da sociedade civil organizada”, finaliza.

Do Brasil, participaram da reunião a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Jurema Machado; a diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI-IPHAN), Célia Corsino; os diplomatas da delegação do Brasil junto à UNESCO; e capoeiristas brasileiros, entre eles os mestres Cobra Mansa, Pirta, Peter, Paulão Kikongo, Sabiá e a Mestra Janja. O som do atabaque e do berimbau comoveram os representantes dos países presentes à apresentação nesta terça-feira (25) na sede da UNESCO em Paris.

Segundo o IPHAN, órgão vinculado ao Ministério da Cultura e responsável pela apresentação da candidatura da Roda de Capoeira junto à UNESCO, a prática da capoeira está presente em mais de 150 países, além do Brasil, entre eles Estados Unidos, França e Bélgica.

Fonte: https://nacoesunidas.org

 

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