O Mestre de capoeira, antes do formalismo legal do oficio de planejar, organizar e executar ações e atividades culturais, já se consolidava como gestor cultural. Sempre à frente de coletivos, grupos culturais, preservando e ocupando espaços físicos se caracterizou como um aglutinador e mobilizador de pessoas.
O poder público e seu exercício legal de regular as atividades criou a figura fiscal e jurídica do gestor cultural. Do ponto de vista prático e formativo, ao longo de anos de preparação e estudo da capoeiragem, o capoeirista instruiu-se para administrar e preservar o patrimônio tradicional – ancestral, muito antes do reconhecimento e registro como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional e do Patrimônio da Humanidade pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Nesse sentido e dentro desse contexto, é legitimo afirmar que, além de educador, o capoeirista é também um gestor cultural. O capoeirista e a capoeira já demandavam técnicas e métodos para a sua valorização e transmissão, já ofertava um conjunto de saberes que careciam de mediação junto a sociedade, e precisavam e ainda precisam de garantias de transmissão para as gerações futuras usufruírem e se responsabilizarem pela sustentabilidade do patrimônio.
Portanto, o reconhecimento por meio de medidas efetivas para o reconhecimento desse caráter mobilizador do mestre de capoeira é urgente, como é urgente entre gestores públicos e tradicionais, a retomada das mobilizações que culminaram no Dossiê da capoeira o no Plano de Salvaguarda da capoeira, para além de novas reivindicações que porventura surgirão.
Luciano Medina